PTRD-41: A Arma Decisiva na Luta Contra Tanques Alemães
Em 1941, enquanto as forças alemãs avançavam impiedosamente sobre o território soviético, a União Soviética enfrentava uma necessidade urgente: uma maneira eficaz e rápida de conter a onda de tanques inimigos. O exército soviético, embora vasto, carecia de armas móveis e acessíveis para enfrentar essa ameaça. Foi nesse cenário de emergência que o PTRD-41 se tornou um símbolo crucial da resistência soviética.
Desenvolvido pelo renomado engenheiro Vasily Degtyarev e sua equipe, o PTRD-41 foi colocado em serviço no exército soviético em 29 de agosto de 1941. Sua criação foi uma resposta direta à crescente demanda por armamentos que pudessem penetrar a blindagem dos tanques alemães. Com uma única bala e operado por um soldado, o rifle anti-tanque oferecia uma solução simples, barata e, acima de tudo, eficaz para o campo de batalha.
A simplicidade do PTRD-41 era um de seus maiores trunfos. Pesando pouco mais de 17 quilos, ele podia ser transportado facilmente pelas tropas de infantaria, uma vantagem crucial em comparação com outros sistemas de defesa antitanque mais pesados. Com um alcance eficaz de 500 metros contra tanques leves e médios, o rifle tornou-se um recurso indispensável nas mãos dos defensores soviéticos.
“Lembro-me do primeiro dia em que usamos o PTRD-41. Estávamos posicionados na frente de Volokolamsk, e os tanques alemães se aproximavam rapidamente,” disse um soldado da 316ª Divisão de Fuzileiros do Exército Vermelho. “Estávamos com pouco mais do que rifles comuns, mas quando o primeiro disparo do PTRD perfurou a lateral de um tanque Panzer, sentimos um novo ânimo. Sabíamos que tínhamos uma arma que poderia nos ajudar a parar os invasores.”
Embora o PTRD-41 tenha sido projetado para enfrentar veículos blindados leves, ele também demonstrou sua eficácia contra alvos mais robustos. Durante testes conduzidos pelo Exército Vermelho, descobriu-se que o rifle, usando munição com núcleo de tungstênio (BS-41), poderia perfurar a blindagem lateral dos tanques americanos Sherman M4A2 a uma distância de até 500 metros. Esse fato levou à suspensão temporária do envio desses tanques para a União Soviética pelo programa Lend-Lease, até que uma proteção adicional fosse incorporada nos veículos.
A munição do PTRD-41 era um fator crítico para seu sucesso. O cartucho de 14,5 mm, desenvolvido rapidamente após o início da invasão alemã, incluía projéteis perfurantes incendiários, capazes de infligir sérios danos a blindagens mais finas. Com uma capacidade de penetração de até 40 mm de aço a uma distância de 100 metros, o PTRD-41 se provou uma ferramenta letal nas mãos de soldados habilidosos.
No entanto, seu uso não se limitou apenas à guerra antitanque. “Certa vez, usamos o PTRD para derrubar um avião alemão,” relembrou um atirador do Exército Vermelho. “Nosso comandante improvisou uma espécie de suporte de madeira para estabilizar o rifle. Assim que o avião passou por nós, disparei e vi a asa dele se partir. Foi inacreditável. Sabíamos que aquela arma tinha potencial para mais do que destruir tanques.” O rifle foi adaptado para uso em defesas aéreas, provando ser versátil em diferentes tipos de combate.
A produção em massa do PTRD-41 começou rapidamente após sua aprovação. No primeiro mês de produção, em setembro de 1941, mais de 17.000 unidades foram fabricadas. A arma foi distribuída amplamente entre as divisões de fuzileiros soviéticos, e sua produção continuou até o final de 1944, com mais de 293.000 unidades sendo produzidas ao longo do conflito.
Ainda assim, o PTRD-41 não era isento de falhas. A arma gerava um recuo significativo, que exigia um manuseio firme, especialmente em terrenos instáveis ou condições adversas, como na neve profunda. Para enfrentar esse desafio, inovações como o uso de esquis para transportar o rifle foram desenvolvidas pelos próprios soldados, como no caso da 3ª Exército de Choque, que improvisou soluções para melhorar a mobilidade da arma em condições de inverno.
À medida que o conflito avançava, o Exército Vermelho começou a encontrar maneiras mais criativas de utilizar o PTRD-41. Em 1944, uma unidade de fuzileiros motorizados soviética desenvolveu um sistema para montar o rifle em veículos, permitindo que ele fosse disparado em movimento. Essa inovação ampliou ainda mais a eficácia e a versatilidade da arma em diferentes cenários de batalha.
“No final da guerra, nosso batalhão contava com várias dessas armas,” disse um veterano da Frente Oriental. “Elas eram fáceis de usar, e com a munição certa, podiam destruir quase qualquer coisa que os alemães enviassem contra nós. Não eram armas perfeitas, mas eram exatamente o que precisávamos naquela época.”
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, o PTRD-41 foi retirado do serviço ativo, mas seu impacto continuou a ser sentido. Durante a Guerra da Coreia, exemplares do rifle foram usados pelo exército norte-coreano, tanto contra veículos blindados quanto contra aeronaves inimigas, demonstrando a durabilidade e o legado duradouro dessa simples, mas poderosa arma.
O PTRD-41 não era apenas uma arma; era um símbolo da engenhosidade soviética em tempos de desespero, uma ferramenta decisiva para resistir ao avanço nazista e uma lembrança constante do engenho humano diante da adversidade.
Produção por Fabricante e Ano
Fabricante | II/1941 | 1942 | 1943 | 1944 | Total |
---|---|---|---|---|---|
No. 2 (Kovrov) | 16.038 | 144.959 | 78.463 | – | 239.460 |
No. 74 (Izhevsk) | 1.611 | 28.165 | – | – | 29.776 |
№ 385 (Zlatoust) | – | – | 5.719 | 6.334 | 12.053 |
No. 622 (Izhevsk) | – | 11.875 | – | – | 11.875 |
Total | 17.649 | 184.999 | 84.182 | 6.334 | 293.164 |
Nota: No total, cerca de 1950 rifles não foram aceitos pela inspeção militar.
Produção Mensal por Fabricante (1941)
Fabricante | Outubro (10) | Novembro (11) | Dezembro (12) | Total |
---|---|---|---|---|
No. 2 (Kovrov) | 515 | 5.010 | 10.513 | 16.038 |
No. 74 (Izhevsk) | – | 36 | 1.564 | 1.600 |
Total | 515 | 5.046 | 12.077 | 17.638 |
Nota: A diferença de 11 unidades é explicada pelo fato de que esses ATGMs foram produzidos como armas de teste (para pesquisa balística), e a Fábrica No. 74 produziu 25 dessas armas até agosto de 1942. Além disso, em 1942, 130 ATGMs de treinamento foram produzidos. Dos 248.782 PTRD e PTRS aceitos em 1942, 114.370 foram entregues na primeira metade do ano.
Características do PTRD
Requisitos de Combate Normal para PTRD |
---|
Três ou quatro furos de quatro devem caber em um círculo com diâmetro de 22 cm |
O ponto médio de impacto deve desviar no máximo 7 cm verticalmente e no máximo 5 cm horizontalmente |
A verificação é feita atirando em um retângulo preto de 30 cm de altura e 20 cm de largura |
O alvo é colocado em um escudo branco de 1 metro de altura e 1 metro de largura a uma distância de 100 m |
A posição de tiro é deitada com bipé, usando cartuchos B-32 |
Penetração de Blindagem do PTRD
Distância (m) | Penetração (mm) |
---|---|
300 | 35 |
100 | 40 |
Dispersão de Balas no PTRD
Distância de Tiro (m) | Faixa Vertical (cm) | Faixa Horizontal (cm) |
---|---|---|
100 | 21 | – |
200 | 42 | 36 |
300 | 63 | 55 |
400 | 84 | 73 |
500 | 105 | 92 |
Munição Utilizada no PTRD
Cartuchos Utilizados | Descrição |
---|---|
B-32 | Cartucho com projétil perfurante incendiário com núcleo de aço |
BS-41 | Cartucho com projétil perfurante incendiário BS-41 com núcleo de cerâmica-metálica (carboneto de tungstênio) |
Países Operadores do PTRD
País | Detalhes |
---|---|
URSS | – |
Alemanha Nazista | Rifles capturados utilizados pela Wehrmacht sob o nome “Rifle antitanque 783(r)” |
Tchecoslováquia | Em serviço com o 1º Corpo de Exército Tchecoslovaco |
Polônia | Em 1943, o PTRD foi recebido pela 1ª Companhia antitanque da 1ª Divisão de Infantaria |
Bulgária | Entre 1944-1945, a URSS entregou 300 rifles antitanque ao exército búlgaro |
China | – |
Coreia do Norte | ATGMs foram fornecidos durante as Guerras na Coreia |
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