FEB – Patrulha em Cota 927: A Luta Contra o Invisível

***Imagem ilustrativa***

Em abril de 1945, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) enfrentava os últimos dias da Campanha na Itália, e cada combate tornava-se mais intenso. Um dos episódios mais marcantes para o cabo Francisco Pedro de Resende foi a patrulha para a cota 927, uma elevação estrategicamente defendida pelos alemães. Situada na região de Montese, a cota representava um obstáculo que precisava ser superado para garantir o avanço das tropas brasileiras.

Após os sangrentos combates em Montese, em 14 de abril, a FEB ainda precisava eliminar as resistências remanescentes nas áreas adjacentes. Francisco foi designado para integrar uma patrulha no dia 15 de abril, com a missão de vasculhar a área minada da cota 927, sob intenso risco de emboscadas. “Nosso pelotão estava exausto, mas a ordem era clara: avançar até a cota e, se encontrássemos resistência, recuar imediatamente. A tensão era palpável.”

À medida que a patrulha avançava, o grupo se deparou com um terreno traiçoeiro, coberto por minas inimigas. Cada passo era calculado com extremo cuidado. “Eu nunca tinha sentido tanto medo. As minas estavam em toda parte, e qualquer descuido poderia ser fatal. Encontramos um soldado brasileiro morto, e minha consciência pesa até hoje por não termos conseguido trazê-lo de volta.” Apesar dos obstáculos, a patrulha seguiu em frente, sempre atenta às posições inimigas escondidas nas encostas da colina.

A resistência alemã foi feroz. O inimigo estava entrincheirado na crista da cota, e o avanço brasileiro foi marcado por disparos contínuos de metralhadoras. Mesmo sob intenso fogo, os brasileiros conseguiram alcançar as trincheiras inimigas. Francisco, armado com um fuzil adaptado para lançar granadas, desempenhou um papel crucial. “Disparei uma granada em direção à trincheira mais próxima, a cerca de 150 metros. A explosão foi certeira, e um soldado alemão levantou os braços em sinal de rendição.”

A rendição do soldado revelou informações valiosas. Através da tradução feita por dois pracinhas que falavam alemão, descobriram que naquela posição havia cerca de 175 soldados inimigos. A notícia foi imediatamente transmitida ao comando, e a artilharia brasileira iniciou um bombardeio massivo sobre a região. Após cumprir a missão, a patrulha de Francisco recebeu ordens de recuar rapidamente, antes que o bombardeio começasse.

No dia seguinte, 16 de abril, outro pelotão foi enviado para retomar a cota 927, já devastada pelo bombardeio da artilharia brasileira. Eles encontraram vários soldados alemães mortos, sem qualquer resistência restante. A conquista da cota 927, embora marcada por perdas e tensão, foi um passo crucial na ofensiva da Primavera, ajudando a FEB a consolidar sua posição e avançar contra o inimigo.

“Foi uma das experiências mais aterrorizantes da minha vida. As minas, o frio, a tensão de cada disparo, tudo isso permanece vivo em minha memória. Mas cumprimos nossa missão, e isso é algo que jamais esquecerei.” A patrulha para a cota 927 foi um exemplo do sacrifício e da coragem dos soldados brasileiros, que, apesar das condições adversas, nunca hesitaram em seguir em frente.

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