O “Kilted Killer” e o Desafio Impossível na Segunda Guerra Mundial
No teatro da Segunda Guerra Mundial, histórias de bravura e astúcia são abundantes, mas poucas se comparam à incrível saga de Tommy Macpherson, conhecido como o “Kilted Killer”. Esse escocês, membro do British 11 Commando, tornou-se uma lenda entre os seus inimigos e aliados, liderando operações de sabotagem ao lado da Resistência Francesa e causando danos tão extensos que os nazistas colocaram uma recompensa de 300 mil francos em sua cabeça.
Macpherson não era um soldado comum. Mesmo com a alta recompensa por sua captura, ele vestia o tradicional kilt escocês Cameron, tanto em sua terra natal quanto nos campos de batalha europeus. Sua trajetória começou em 1941, durante uma incursão no quartel de Erwin Rommel em Tobruk, onde foi capturado e levado para campos de prisioneiros de guerra. Não satisfeito com sua situação, ele tentou escapar sete vezes de campos na Itália, Alemanha e Polônia ocupada. Somente em 1943, ele conseguiu finalmente retornar à Inglaterra via Suécia, onde se juntou novamente ao seu comando a tempo de participar da Operação Jedburgh.
A Operação Jedburgh era uma missão altamente arriscada, em que pequenos grupos de comando eram lançados de paraquedas em territórios ocupados para realizar sabotagens e ataques de guerrilha contra as forças alemãs. Sabendo que precisaria impressionar e liderar os combatentes da Resistência Francesa, Macpherson decidiu usar seu uniforme de batalha completo, incluindo o kilt tradicional. O impacto dessa escolha foi imenso.
Sua habilidade em combate foi notável desde o início. Na Holanda, ele e seu esquadrão destruíram pontes, capturaram ou eliminaram soldados alemães, e realizaram operações diárias durante todo o tempo de sua missão. No entanto, seu feito mais impressionante ocorreu em solo francês, pouco após as invasões do Dia D. Macpherson se deparou com a temida Divisão Panzer SS Das Reich, composta por 15 mil homens e 200 veículos blindados.
Com um pequeno grupo de combatentes, Macpherson conseguiu atrasar significativamente a divisão usando táticas de guerrilha engenhosas. Eles derrubaram árvores à noite, instalaram minas antitanques e usaram explosivos plásticos para reduzir o avanço das forças nazistas. “O objetivo era claro: impedir que os tanques chegassem aos aliados na Normandia,” relatou Macpherson anos depois. E foi exatamente o que ele fez. A divisão levou duas semanas para percorrer um trajeto que deveria durar três dias.
Mas o verdadeiro triunfo de Macpherson aconteceu sem que ele disparasse um tiro. Em uma manobra ousada e quase inacreditável, ele conseguiu deter outra divisão Panzer alemã, composta por 23 mil homens, sem nenhum confronto direto. Ele persuadiu o comandante alemão a se render, fazendo-o acreditar que ele tinha uma brigada inteira de tanques e artilharia à espera do outro lado de um rio. “Na realidade,” confessou Macpherson anos mais tarde, “tudo que eu poderia acionar naquele momento era a canção ‘Dixie’.” Mas o blefe funcionou. O comandante alemão, impressionado com a confiança do jovem escocês de apenas 23 anos, aceitou as condições de rendição.
Macpherson não apenas sobreviveu à guerra, mas continuou a servir no exército britânico, sendo lembrado como um dos heróis mais astutos e corajosos da Segunda Guerra Mundial. Sua história, de um homem vestido com um kilt que conseguiu parar uma divisão Panzer, é um exemplo perfeito de como a coragem e a inteligência podem mudar o curso da história.
Publicar comentário