FEB – Montese: O Preço de Uma Conquista para os Brasileiros

A Batalha de Montese, ocorrida entre os dias 14 e 17 de abril de 1945, foi um dos confrontos mais devastadores para a Força Expedicionária Brasileira (FEB). O cabo Francisco Pedro de Resende, veterano que já havia presenciado os horrores da guerra em Monte Castelo, se encontrava agora em um dos momentos mais decisivos da campanha italiana. Transferido do 11º Regimento de Infantaria para o 6º RI, Francisco foi enviado para preencher as lacunas deixadas por companheiros mortos, reforçando o 3º Pelotão da 8ª Companhia.

Os brasileiros sabiam que a ofensiva seria brutal. Montese, uma pequena cidade no norte da Itália, era um ponto estratégico controlado por tropas nazistas bem entrincheiradas. A ordem era clara: a FEB deveria conquistar Montese a qualquer custo. No entanto, o terreno montanhoso e o inverno implacável já haviam mostrado que esse conflito seria muito mais do que um simples avanço. Na madrugada de 14 de abril, as tropas iniciaram o ataque sob a cobertura da artilharia aliada, que bombardeava as posições alemãs. Porém, assim que começaram a avançar, os brasileiros foram recebidos por uma forte resistência inimiga.

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“Nosso pelotão estava avançando quando fomos surpreendidos por uma das maiores concentrações de artilharia alemã na Itália. Lembro-me dos estrondos das granadas e dos gritos dos companheiros feridos ao meu redor,” recorda Francisco em seu depoimento. A resistência alemã não se limitava à artilharia; campos minados foram uma das principais armadilhas que dificultaram o avanço das tropas. A cada passo, os soldados precisavam desviar de minas cuidadosamente posicionadas, muitas vezes sob o fogo incessante de metralhadoras e morteiros.

No decorrer da batalha, o pelotão de Francisco, que havia iniciado com 44 homens, foi drasticamente reduzido. Ao final do terceiro dia de combates, apenas 27 permaneciam vivos. “Perdi dois amigos próximos, Bruno Estrifica e Antônio Bento, ambos mortos por estilhaços de granadas enquanto estávamos abrigados. Não há como esquecer aquela cena. O corpo deles foi destruído, e eu só conseguia pensar em como isso poderia ter sido evitado.”

A ofensiva brasileira, mesmo diante de tantas adversidades, começou a dar frutos. Ao avançar pelas posições fortificadas, o exército brasileiro conseguiu desalojar os nazistas de várias casamatas e capturar prisioneiros, entre eles, soldados alemães que tentavam resistir até o último momento. A tomada de Montese foi uma das vitórias mais significativas da FEB, mas também uma das mais custosas. O solo estava coberto de destroços e corpos de ambos os lados, um cenário que refletia a brutalidade do confronto.

Finalmente, no dia 17 de abril, Montese foi oficialmente tomada pelas forças brasileiras, marcando o início do colapso das defesas alemãs no norte da Itália. A ofensiva continuaria nos dias seguintes, levando à rendição da 148ª Divisão de Infantaria alemã e de outros combatentes nazistas em Fornovo, no fim de abril.

“Montese foi um inferno na Terra,” conclui Francisco. “Cada passo que dávamos era incerto, cada minuto parecia durar uma eternidade. Ver amigos caírem ao meu lado foi algo que nunca consegui superar, mas sabíamos que, naquele momento, não podíamos parar.” A batalha não foi apenas uma vitória militar, mas um testemunho do sacrifício de tantos soldados brasileiros que, mesmo diante da morte certa, continuaram lutando por cada centímetro daquele solo italiano. Para muitos, como Francisco, Montese ficou gravada não apenas como uma conquista, mas como um símbolo de dor e resiliência.

A tomada de Montese pavimentou o caminho para a ofensiva final das forças aliadas na Itália. A coragem e a determinação dos brasileiros, embora subestimadas por muitos, foram decisivas para o desfecho da campanha. Porém, o alto preço pago em vidas humanas jamais será esquecido por aqueles que lutaram em Montese.

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