Combate de Casa em Casa: O Desafio dos Aliados nas Cidades na Normandia

As ruas estreitas e destruídas das cidades normandas se transformaram em campos de batalha cruéis durante o verão de 1944. Depois do desembarque nas praias da Normandia em junho, as tropas aliadas enfrentaram um desafio inesperado: a guerra urbana. Cada casa, cada esquina, cada ruína tornava-se um ponto de resistência. As batalhas não ocorriam mais em vastos campos abertos, mas em cidades devastadas, onde os soldados aliados tinham que lutar rua por rua, casa por casa.

A cidade de Caen, um objetivo crucial para os britânicos e canadenses, tornou-se o epicentro dessa brutalidade. O general Bernard Montgomery planejava capturar a cidade no início de junho, mas os alemães, liderados pela temida 12ª Divisão Panzer SS Hitlerjugend, transformaram Caen em uma fortaleza. No dia 8 de julho de 1944, após semanas de bombardeios, as tropas aliadas finalmente conseguiram entrar na cidade.

“O cheiro de fumaça e morte pairava no ar”, relembrou o soldado britânico Tom Barry, da 3ª Divisão de Infantaria. As tropas aliadas encontraram uma resistência feroz dos alemães entrincheirados em prédios destruídos. As ruas estavam cheias de escombros, dificultando o avanço dos tanques Sherman. “Era quase impossível movermos nossos veículos. Cada quarteirão tomado significava outro quarteirão cheio de armadilhas e snipers alemães”, descreveu o tenente John Stevens, também presente nas operações em Caen.

As batalhas urbanas eram exaustivas. Os soldados precisavam verificar cada prédio, enfrentando alemães escondidos em sótãos e porões. “Lutávamos não apenas contra homens, mas contra a cidade”, relatou o sargento James McDonald, da 1ª Divisão Canadense. O combate urbano trouxe uma nova dimensão à guerra: o confronto era próximo, muitas vezes envolvendo granadas e tiros à queima-roupa. O tenente-coronel David Currie destacou-se ao comandar uma operação crucial na cidade de Falaise, ao sul de Caen, onde a luta corpo a corpo se intensificou.

O controle das cidades normandas, como Saint-Lô e Tilly-sur-Seulles, também era fundamental para o avanço aliado. Em Saint-Lô, ocupada pelos alemães até 18 de julho de 1944, as tropas americanas da 29ª Divisão enfrentaram dificuldades em desalojar os alemães, que usavam os edifícios como fortalezas. O general Norman Cota, que estava presente na linha de frente, motivou seus homens: “Não se rendam, não importa quantos estejam lá dentro. Cada casa tomada é uma vitória”.

Em Tilly-sur-Seulles, os combates foram igualmente brutais. As tropas britânicas, da 50ª Divisão, enfrentaram alemães habilmente posicionados em cada canto. O soldado David Baker descreveu o combate como “um inferno diário, onde cada avanço parecia uma eternidade”.

As perdas em Caen, Saint-Lô e outras cidades normandas foram imensas. “Ver nossos amigos caindo, rua após rua, era devastador”, recordou Barry. No entanto, a captura dessas cidades foi crucial para a campanha aliada, abrindo o caminho para a liberação da França.

O combate urbano nas cidades normandas revelou a brutalidade da guerra em um novo nível, onde o avanço aliado dependia da tenacidade de cada soldado que, casa a casa, desafiava a morte em um cenário de destruição.

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