FEB – Detecção e Neutralização de Minas: Caçadores Invisíveis da Morte

***Imagem ilustrativa***

Entre as muitas faces do conflito que devastou a Europa, uma das mais perigosas e cruciais missões coube aos especialistas em detecção e neutralização de minas. Esta é a história do Sargento Ayrton Vianna Alves Guimarães, um olindense que se tornou um dos responsáveis por essa arriscada tarefa no 9º Batalhão de Engenharia da Força Expedicionária Brasileira durante a campanha na Itália em 1944-1945.

Dança Mortal com o Invisível

“Fui escolhido, por ter sido ‘mau elemento’, para o curso de minas”, relembra Ayrton, que recebeu treinamento especializado com os americanos em solo italiano. O trabalho exigia uma combinação única de coragem, paciência e precisão milimétrica. Equipado com um bastão de provas – uma espécie de bengala pontuda – e um detector com bateria a tiracolo, Ayrton vasculhava terrenos em busca de ameaças ocultas.

A técnica era meticulosa: ao identificar um objeto suspeito, os companheiros recuavam sessenta metros ou mais. “Você com o sabre, que era sua arma, cavava, ia inspecionar aquilo ali para saber se realmente era uma mina, uma pedra ou outro corpo estranho qualquer”, descreve o veterano. O detector emitia sinais sonoros que aumentavam conforme a proximidade do objeto metálico, numa sinfonia macabra que podia significar a diferença entre vida e morte.

O Desafio do Inverno

O inverno italiano trouxe desafios adicionais. “Você cavando com a mão aquilo, para poder segurar a mina, flutuante, para não ter perigo para você e seus companheiros”, narra Ayrton sobre o trabalho em terreno congelado. O frio extremo não apenas dificultava o manuseio dos equipamentos, mas também causava acidentes inesperados. Um de seus colegas teve os dedos congelados ao manusear o guincho de uma viatura em área minada, só conseguindo se soltar após um impacto.

A missão ia além da simples detecção. Era necessário neutralizar as minas alemãs e, em seguida, instalar dispositivos americanos para proteger as posições aliadas. O trabalho abria caminho para o avanço das tropas, especialmente o 11º RI, sempre sob a proteção de companheiros que montavam guarda durante as operações.

O treinamento americano e o equipamento fornecido pelo V Exército foram fundamentais para o sucesso das missões. Mesmo assim, cada movimento exigia concentração total. As luvas, embora disponíveis, nem sempre podiam ser usadas – o tato era crucial para sentir a posição exata das minas. “Era preciso utilizar o tato, era preciso sentir a mina no lugar”, explica Ayrton, destacando como a sensibilidade das mãos podia ser a última linha entre a vida e a morte.

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