FEB – A patrulha de reconhecimento em outubro de 1944 (08/10/1944)
***Imagem ilustrativa ***
O sol ainda estava baixo no horizonte quando, em 8 de outubro de 1944, o pelotão da Força Expedicionária Brasileira (FEB) recebeu ordens para realizar uma patrulha de reconhecimento nas colinas da Itália. Entre os homens designados para essa missão, estava o cabo Argemiro Pavelosk, nascido em 1920, em São Paulo, membro da 6ª Companhia, 2º Batalhão do 6º Regimento de Infantaria. Com o equipamento básico e a tensão evidente no ar, o grupo partiu, consciente dos riscos que envolviam cada passo nas encostas traiçoeiras do teatro italiano de guerra.

“Quando saímos naquela manhã, sabíamos que estávamos entrando em território hostil”, escreveu Argemiro. O pelotão começou a subir os morros, sempre com o olhar atento para qualquer sinal do inimigo. O terreno irregular dificultava a movimentação e oferecia poucos lugares para se esconder. Era preciso avançar com cautela, pois a ameaça alemã era constante. O silêncio inicial foi perturbador, como se o inimigo estivesse à espreita, aguardando o momento certo para atacar.
O propósito da patrulha era claro: coletar informações sobre as posições alemãs, avaliar o terreno e garantir que os brasileiros pudessem planejar operações futuras com mais precisão. “Era uma tarefa arriscada, mas crucial. Estávamos à frente das linhas principais, expostos, e qualquer erro poderia ser fatal.” A tensão aumentava a cada metro que avançavam. Os soldados mantinham os olhos fixos no horizonte e os ouvidos atentos a qualquer ruído que indicasse movimento.
Foi então que, em meio à calmaria, o primeiro disparo de metralhadora cortou o ar. “Não houve tempo para pensar, só para agir”, relembra Argemiro. O grupo rapidamente se abaixou, procurando cobertura em meio às pedras e arbustos. Os alemães estavam em posição elevada, o que dificultava a resposta dos brasileiros. Além das metralhadoras, morteiros começaram a cair perto do pelotão, sacudindo o chão sob seus pés. A patrulha havia sido descoberta e agora precisava se defender, além de cumprir sua missão.
O comando de Argemiro e seus superiores foi preciso. “Cada homem sabia o que fazer. Era questão de sobrevivência. Não podíamos nos permitir hesitar sob fogo inimigo.” Apesar da intensidade dos disparos, a patrulha conseguiu manobrar com habilidade, evitando baixas. O treinamento e a experiência de combate, adquiridos em operações anteriores, mostraram seu valor naquele momento crítico. Mesmo sob forte pressão, o pelotão não recuou imediatamente. Eles continuaram a avançar em direções alternativas, enquanto os artilheiros inimigos tentavam calcular seus movimentos.
A batalha de resistência durou horas, e o dia avançava lentamente. O calor e o cansaço começaram a pesar sobre os homens, mas o foco permanecia intacto. “Aquela metralhadora parecia incansável, e os morteiros não nos davam um momento de paz. Mas estávamos determinados a completar a missão sem perder nenhum soldado.” Ao cair da tarde, a intensidade dos disparos diminuiu, e o pelotão aproveitou a oportunidade para se retirar da área. Com a cautela que marcaram sua entrada, os homens da FEB começaram a descer os morros em direção às suas linhas.
Ao retornar ao acampamento, exaustos e cobertos de poeira, os homens da patrulha sabiam que haviam alcançado o sucesso. Nenhum soldado foi perdido, e as informações coletadas seriam valiosas para as operações subsequentes. “Voltamos ao entardecer, com o corpo cansado e a mente em alerta. Sabíamos que esse não seria o último confronto, mas estávamos aliviados por termos sobrevivido.” As informações obtidas sobre a posição inimiga foram cruciais para os movimentos futuros da FEB na região, e o pelotão havia demonstrado, mais uma vez, sua habilidade e coragem em um ambiente de combate implacável.
Esse episódio, apesar de não ter resultado em baixas, destacou a dura realidade enfrentada pelos soldados brasileiros na Itália. Cada missão representava um risco constante, onde a vida e a morte dependiam de decisões rápidas e precisas. Para Argemiro e seus companheiros, a patrulha de 8 de outubro foi um lembrete de que, apesar dos desafios, era possível resistir e vencer, desde que agissem com coragem e disciplina.
Fonte: Diário de guerra gentilmente cedido pela filha do veterano Dona Márcia Pavelosk
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